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Festival 2007: Caprichoso ganhou na 1ª noite

04/07/2007, Flávio de Oliveira, de Brasília-DF, é colaborador deste site

Amigos, no Festival de 2006, o então levantador de toadas Arlindo Jr. fez uma desajeitada profecia de que o Caprichoso ganharia o Festival nos primeiros quinze minutos de apresentação na primeira noite. Pois bem. Viu-se o contrário. A profecia do Arlindo não se realizou, pois os jurados deram a vitória ao Garantido.

Tenho para mim que aquela profecia de Arlindo era tardia, que ela só se realizaria no Festival de 2007. Realmente o Caprichoso ganhou o Festival nos primeiros quinze minutos da primeira noite. Digo isso porque, a meu ver, foi na sexta-feira que eu vi brilhar e reluzir na arena as grandes estrelas do Caprichoso naquela noite: Vaqueirada, Amo do Boi, Tribos Indígenas e Coreografia. Passados os quinze minutos de espetáculo, eu disse a meus vizinhos: - Pronto. Esse ano, ninguém segura o Caprichoso. Ganhamos o Festival.

Fiquei feliz em ver que, no Festival 2007, a visão dos jurados foi coincidente com a minha. A apresentação do touro negro na primeira noite foi irretocável do ponto de vista técnico e artístico. Diria tratar-se de uma apresentação histórica. O Caprichoso arrepiou a galera do começo ao fim. O ritual do morcego albino seguido da performance do pajé Valdir Santana compôs um gran finale que vai ficar na memória do público como das maiores emoções proporcionadas pelo Festival Folclórico de Parintins em todos os tempos.

Já disse e volto a repetir: ganhamos o Festival na primeira noite. Evidentemente que algum idiota da objetividade, figura literária criada por Nelson Rodrigues, há de dizer que, em verdade, o contrário teria superado o Caprichoso por 0,1 ponto, caso não fossem computados os 0,3 pontos negativos que o contrário perdeu devido a atraso.

Mas minha gente, não estou focando aqui a questão de 0,1 ponto para lá ou 0,1 ponto pra cá. O foco é no espetáculo como um todo. A apresentação histórica do Boi Caprichoso, Amo do Boi, Vaqueirada e do conjunto Tribal me deu a certeza da vitória logo nos primeiros quinze minutos da primeira noite. Sem deixar de lembrar que atraso também faz parte da apresentação.

São João disse e São Pedro confirmou que o espetáculo do Caprichoso teve sim mais qualidade e organização. Porém, reconheço o boi contrário fez lindas e grandiosas apresentações na primeira e na terceira noite, em que sobressaíram a evolução e o apuro de suas alegorias, em relação a festivais anteriores. Na segunda noite, o Garantido entrou com muita força prenunciando o grande espetáculo, mas foi tolhido pela chuva e o temporal que cortaram a energia elétrica no bumbódromo. No entanto, a galera vermelha seguiu cantando e dançando debaixo de chuva e às escuras, mostrando o porquê da toada que fala de sangue, suor e paixão.

Para mim, que sou caboco caprichoso, a nota alegre do espetáculo foram os itens femininos azuis. Uma beleza, rapaz, ver as meninas brilhando e reluzindo na arena, muito bem compostas pelos artistas do Caprichoso, flutuando com leveza e graça na arena, principalmente na terceira noite, com realce especial para Karla Thainá, Rainha do Folclore, e um voto de mérito artístico para as estreantes Sinhazinha e Porta-Estandarte. As nossas meninas demonstraram a força que tem a união, a raça e o talento.

Dou parabéns para Maria Azedo, cunhã-puranga estreante no azul, brilhante, estonteante cunhã, que, pela beleza e pela juventude que tem, pela demonstração de capacidade de superação, garra e determinação, tenho certeza que em futuros festivais irá cumular o Caprichoso de glórias e vitórias.

Nota dez para o negão Edilson, levantador estreante, que, nas três noites mostrou-se intimorato, detentor de personalidade marcante, batendo chapa de igual para igual com o Rei Davi, e que, sobretudo na terceira noite, esbanjou na arena uma "cancha" enorme com o microfone nas mãos.

A nota jururu foi a Marujada que, nas três noites, infelizmente, talvez por falta de entrosamento com o jovem apresentador e o levantador estreante, deixou de exibir aquela cadência ritmada de jornadas anteriores. Porém, acredito que até o Festival 2008 os marujeiros vão sacudir a poeira e dar a volta por cima.

Puxão de orelha no Presidente Carmona que, num lapso de pensamento, traído talvez por seu extremo senso comercial, um minuto após a consagração do Caprichoso pelos jurados, diante das câmeras de TV, eu o vi agradecer em primeira mão, tal como se fosse gerente-executivo de multinacional, o "apoio" que nos deram a Kaiser, a Coca-Cola, a Vivo, os Correios, o Governo do Estado, a Prefeitura de Parintins.

Presidente, os departamentos de Marketing da Coca-Cola ou da Kaiser ou da Vivo não fazem benemerência e não apóiam Festival algum. No dia em que, Deus nos livre disso, o Festival deixar de ser o produto fenomenal que é, ou seja, no dia em que o Festival não der mais retorno publicitário para Coca-Cola, Kaiser, Vivo, seja lá quem for, esses grupos pegam o primeiro avião e vão cantar noutra freguesia.

Por isso, Presidente, melhor seria ter agradecido e atribuído a grande vitória, ao empenho dantesco de Valdir Santana, Marquinhos, Edilson Santana, Jr. Paulain, Prince do Boi, Tribos, Conselho de Arte, Compositores do Boi, Artistas do Boi, Marujada de Guerra, Empurradores, Artesãos, Coordenadores, FAB e FBI, Trupe do Boi, Grupo Azul e Branco e a toda massa azulada, pois são eles os pilares da emoção e da alegria da nação Caprichoso.

E não pararia ai, não, Presidente. No calor da emoção, lembraria do sangue, suor e lágrimas derramados em abril, maio e junho por artistas e artesãos que arregaçaram as mangas nos galpões, em grande maioria artistas anônimos, que viraram o dia e a noite para ver o Caprichoso campeão. Agradeceria enfim a todos os artistas parintinenses, inclusive do lado contrário, pelo grande Festival que proporcionaram ao povo de Parintins e aos visitantes. Aos artistas que têm as mãos calosas de tanto torcer e soldar ferro, amoldar papelão, raspar isopor e suar a camisa para dotar inermes estruturas de ferro com vida e movimento.

De minha parte, agradecimento especial a todos os mestres construtores que, há quase cem anos, no coração da Amazônia, erigem a fabulosa Fábrica de Sonho e Poesia chamada Festival Folclórico de Partintins. Salve eles. O espetáculo que proporcionam é diferente, único e emocionante. Enfim, é tudo que o ser humano precisa para fugir do estresse em que se vive nos grandes centros urbanos.

Nem quero nem saber quem foi que envernizou a barata. Parintins, conta comigo ano que vem. Eu é que não sou besta de perder de comer meu acari-bodó assado na brasa com molho de pimenta no tucupi, ao vivo, nas churrasqueiras do Chapão, regado com a garranchosa latinha de Kaiser estupidamente gelada.

Se Deus quiser e Nossa Senhora do Carmo ajudar, nem que seja de asa dura, ano que vem estarei no bumbódromo torcendo pelo meu boi de pano azulescente.